Fenômeno do repiquete e influência do El Niño explicam oscilações no nível do rio
O rio Solimões, em Tabatinga, no norte do Amazonas, atravessa uma fase de quatro dias seguidos de vazante após cerca de dois meses de recuperação gradual de seu nível de água. Esse comportamento, característico da região amazônica, é conhecido como repiquete, um fenômeno marcado pela alternância inesperada entre períodos de subida e descida do nível das águas.
Oscilações no nível do Solimões
Após atingir uma marca histórica de seca em novembro de 2024, com uma cota de -0,94 metro, o rio começou a recuperar seu nível. Entre 22 de novembro e 15 de janeiro, a cota subiu de 1,77 metro para 9,13 metros, um aumento expressivo de 7,36 metros.
No entanto, de 16 a 19 de janeiro, o rio voltou a registrar uma queda de 32 centímetros, segundo medições realizadas no porto de Tabatinga. Especialistas acreditam que essa redução represente apenas um repiquete passageiro, comum nesta época do ano.
Impacto nas comunidades ribeirinhas
O repiquete afeta diretamente as comunidades ribeirinhas que dependem do Solimões para atividades como pesca e transporte. A oscilação no nível do rio, somada à escassez de chuvas, dificulta o acesso aos recursos naturais e a mobilidade na região.
Influência do El Niño e chuvas abaixo da média
Até 19 de janeiro, Tabatinga registrou apenas 39 milímetros de chuva, cerca de 12% da média esperada para o mês (329 mm). Esse comportamento atípico está sendo atribuído ao El Niño, fenômeno climático que altera os padrões de precipitação e reduz as chuvas na Amazônia.
Apesar da atual escassez, a expectativa é de que as chuvas se tornem mais intensas até o início de fevereiro, ajudando a estabilizar o nível do Solimões.
Cenário de otimismo cauteloso
Enquanto o repiquete gera instabilidade no ciclo hidrológico da região, o período chuvoso esperado para as próximas semanas traz esperança de recuperação. A alternância constante entre cheia e vazante é um lembrete da fragilidade das comunidades amazônicas frente às mudanças climáticas e seus impactos diretos na vida ribeirinha.